terça-feira, 26 de abril de 2011

Meio cheio

Porque essa carência toda não pode vir de lugar nenhum. Essa vontade descontrolada de me deixar cair mais e mais fundo no teu colo até me afogar entre os cheiros e os pêlos e as vísceras. Mas não me leve a mal, é só que no meio dessas noites quentes trancado em casa, percebi algo que tá me doendo de verdade. Foi assim como uma epifania. E-pi-fa-ni-a; nossa, como eu gosto dessa palavra. É daquele tipo que diz tanto e soa bonito feito música, mas não parece prepotente. Acho lindo isso das coisas que conseguem ser grandes e imponentes e ao mesmo tempo simples. Mas eu dizia que fiz uma descoberta daquelas, pura e latente: nunca fui o favorito de ninguém. Não que eles não gostassem de mim, mas sabe aquela sensação de que falta algo nessa relação maluca? Desde o mais longe que as lembranças conseguem me levar até a última meia hora. Talvez por isso eu tenha toda essa dificuldade de mostrar afeto e essa frieza. Desculpa se eu cobro tanto e dou tão pouco em retorno, se eu nem sempre tô por perto... É que eu simplesmente não sei bem como fazer essas coisas, vou aprendendo aos poucos. Eu acho que você sabe como é difícil a gente se acostumar com sentimentos novos, e quando se trata de uma vida sem afeto que de repente te cobra ser alguém afetuoso, as coisas são ainda piores. Mas aos trancos e barrancos eu sigo e um dia chego ao topo dessa montanha. Só não desiste de mim no meio do caminho.

2 comentários:

  1. Consegui ouvir a tua voz enquanto lia o texto. Adorei.

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  2. Sagitariano, ainda que nós sequer acreditemos nisso tudo.

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