domingo, 24 de abril de 2011

Ensino Inferior

O que se espera de quem olha à sua volta e vê que todos são diferentes é resignação. Não é o meu caso. Não sei se li Caio Fernando Abreu ou horóscopo demais, ou se me empolguei na onda de Cazuza e Cássia Eller…, mas o fato é que loucos são os outros. Não confio em quem deixa bem claro que já encontrou o caminho certo na vida, em quem leva o seu potencial muito a sério e por isso acredita ser o último biscoito do pacote. Pois é, enquanto estudante de publicidade, estou cercado de gente assim. Por mais que eu curse uma universidade pública, por mais que seja envolvido com o movimento estudantil… É um bando de designer-blogueiro-hypado-com-franjinha-pro-lado que sai distribuindo opiniões a torto e a direito e não se dá conta do que acontece bem debaixo do seu nariz. 
Quem sabe não é uma inveja (negativíssima pra mim) que sinto deles, dos outros? Inveja porque tenho milhões de neuroses, compulsões, disfunções, dores me martelando a jovem cabeça universitária egoísta di-a-ri-a-men-te. Já os outros ouvem de um professor que publicitários são criativos, são a nata, são convidados a coquetéis e as súper-mentes que movem o capitalismo (que eles costumam venerar, inclusive). Que são inteligentíssimos por terem conseguido uma vaga no ensino superior e concorrem por um lugar no mercado de trabalho (como eu odeio essa expressão, “mercado de trabalho”). E acreditam piamente nessa baboseira - claro, é exatamente o que queriam ouvir. Daí se exaltam no twitter/blog/qualquer coisa que o valha, sempre esquecendo uma vírgula aqui, uma crase ali (a excelência gramatical dificilmente é o seu forte). Acríticos.
E eles, os outros, permanecem em um joguinho de exaltações mútuas nojento e são desumanos e cruéis nos julgamentos de quem roda fora da roda. Não aprendem em nenhuma sala de aula, curso, estágio, palestra, simpósio, congresso etc o que deveriam aprender com o dia-a-dia universitário, com as trocas com movimentos sociais, na mesa do bar na periferia da cidade grande.
Definitivamente, esse não é o meu lugar. 

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