quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Ponto Final

Pontos finais aparentemente são o grafismo mais simples. Podem ser ridicularizados ao lado da imponência de exclamações e interrogações e mesmo as vírgulas parecem esteticamente superiores. Mas eles, os pontos finais, doem. Por isso mesmo, devem ser utilizados com sabedoria. Um ponto final quando, mal colocado, gera especulações sobre a razão de estar ali, justamente onde a história se desenvolvia tão bem. Quando fazia sol e estávamos perto do mar.
Às vezes a gente pensa que o desenrolar das tramas fúteis e pessoais precisa respirar (talvez nós mesmos precisemos respirar um pouco sozinhos) e enche os períodos de pontos finais. É claro que nessa situação, eles não são finais de fato e isso é bem complicado porque o poder de um ponto final consiste exatamente na determinação que ele dá a uma situação: O fim maiúsculo e singular. A partir do momento em que O ponto final se transforma nos pontos finais, ele não impõe mais o menor respeito e lá pra frente mesmo quem cravou o ponto ali não vai mais acreditar que ele significa alguma coisa. 
Bonito mesmo é ver uma história correndo-pensando que é luz e se desenrolando esticando até o limite linhas e construções absurdas se transformando em parágrafos selvagens sem interrupções e ninguém realmente se preocupa com isso porque se o enredo é bom quem vai lembrar dos pontos finais quem precisa respirar se a idéia agora é só o pirar mesmo sem res nenhum?
Pingando pontos finais aqui e ali, eu já me acho meio ridículo. Mas a preocupação mesmo é com a maiúscula-singular, com O ponto final que eu creio e espero que esteja longe, tão longe que nem as construções mais loucas nos parágrafos mais longos conseguirão alcançar tão cedo.


Um comentário: