terça-feira, 8 de novembro de 2011

Só o Chico

Por mais que algumas vezes, ou quase sempre, eu reme contra, a vida tem dado um jeito de trazer dias de sol pra cá. Olha que lugar-comum eu vou falar agora, mas é isso mesmo, é nas pequenas coisas que a gente consegue se apoiar e quando se dá conta, está quase de pé outra vez. Ainda meio trêmulo, caindo aqui e ali, mas caminhando com as próprias pernas.
Já reconheço que existe vida além e realmente consigo me interessar por outras casas, pessoas, comidas e assuntos. Li outro dia que o sagitariano é interessante por ler muito, ou ouvir muita música, ou ver muitos filmes, ou tudo isso ao mesmo tempo. Esse tipo de coisa ajuda a tirar a gente lá do fundo.
São pequenos encontros que de repente se tornam tão interessantes, que. Lembra quando a gente encontrou a Maria Bethânia meio bêbada no avião, ainda naquele primeiro dia, e logo em seguida, todos aqueles bárbaros tão doces cantaram Atiraste uma Pedra, e "você gosta dessa música?"? Claro que gosto, ela diz tanto... E essas pequenas descobertas são como explosões que me fazem querer conhecer mais das tuas músicas, dos teus filmes, te mostrar mais um pouco dos meus livros.
Já é possível até deixar escapar algumas confissões. Primeiro, eu não queria nem ouvir quando você disse que os novos paulistas não têm peso, eu protestei. Mas aí quando a gente compara Jeneci, Tiê, Tulipa e Roberta Sá a Caetano, Bethânia e Gal, eu até que entendi o seu lado e não que eu concordasse inteiramente, mas resolvi ficar calado porque qualquer opinião mais extremada ali seria meio burra. E como é difícil alguém conseguir me fazer ficar calado, falo isso da maneira mais positiva possível, compreende?
Daí aparece a Maria Rita e admitimos que ela não é tudo isso, mesmo sendo tudo isso algumas vezes. Vejo aquela versão e "não, ninguém pode interpretar o Chico além do Chico. E da Bethânia, mas só ela". E nesses momentos, nesses momentos pequenos, querendo se passar por desimportantes, eu percebo que me dá vontade de rir, de rir de verdade. Sem fingimento, sem olhos marejados, eu de fato quero mostrar os dentes e pensar que só o Chico pode cantar as músicas dele pra mim enquanto ganho um cafuné. 
E que bom conseguir enxergar esse tipo de coisa, que bom conseguir ver que ainda existe alguma espontaneidade e que ainda existe vontade de sorrir vez em quando. Que bom que nem tudo tá assim tão seco quanto eu imaginava.


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