segunda-feira, 8 de outubro de 2012

O tempo das coisas


Engraçado olhar fotos antigas e perceber o tempo que faz das coisas. No fim das contas, o tempo é mesmo mais uma percepção do que voltas dos ponteiros no relógio ou folhas arrancadas do calendário. E pra mim, você faz muito tempo, mesmo que na verdade nem seja tanto assim. É que eu sorria nas fotos que me encaravam nessa madrugada de domingo e isso me fez perceber que faz tanto tempo de tanta coisa, por mais que as voltas no relógio nem tenham sido assim exageradamente demoradas e as folhas do calendário não tenham virado tantas vezes quanto eu imaginava. Isso tudo porque você foi bom. Você é bom. As coisas e as pessoas têm de ser boas pra transformar esse tempo pouco, esse tempo pobre, em um tempo grande de perder a conta e o fôlego, em uma saudade assim triste e bonita. E isso que é, isso que foi você, e foi no momento exato, logo depois que eu joguei aquela folha de ontem do calendário no lixo e bem quando os ponteiros se separaram formando o ângulo preciso que o sorriso se abriu. Foi isso que me aconselharam deixar guardado no bolso, mas, que eu penso, preciso me desfazer, jogar fora, exorcizar. Menos em momentos como agora, nas horas que eu sorrio de volta pras fotos que sorriem pra mim e me dão vontade de sorrir um pouco mais em retorno. Agora, a vontade é ficar assim sorrindo e quem sabe ligar, comprar um presente, escrever qualquer coisa pra alguém saber que eu me importo, e o quanto. Me importo tanto quanto o tempo que faz de você e de tanta coisa que era nossa, ou que eu quis e entendi que era nossa, mesmo que tenha sido só minha. Nesse caso, eu te daria o que fosse meu e roubaria o que fosse teu pra transformar naquilo que me enche dessa coisa misteriosa que tá aqui-agora tão presente no quarto cheio dessa madrugada de domingo, isso que eu sinto o cheiro e quase consigo tocar no ar, isso que de tanta, mas tanta saudade e tanto, mas tanto sorriso, parece tanto, mas tanto tempo.

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